sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Os Bolos da Ti Stina da Atalaia e da irmã


Estas duas almas eram duas costureiras da Atalaia da Sobreira Formosa que vinham às nossas casas “costurar ao dia” tal como o sapateiro vinha “fazer sapatos ao dia” (o sapateiro da Figueira).
Recebiam a jorna, almoçávam e até, por vezes petiscavam umas “buchas”. Eram duas criaturas baixinhas, adoráveis, que com os seus xailes pretos pela cabeça onde sobressaíam um ou dois dentes da frente, uma bengala e pequena troucha na mão. Vinham a pé muito cedo para trabalhar no Vale d’Urso. Como tinham que fazer perto de 5 quilómetros teriam que levantar-se muito cedo.
Esta história está a ser contada, não pelos dotes de costura, mas por outra história que me ocorreu.
Havia uma outra velhinha que com a ti Stina iam ás feiras e aos mercados vender um bolo que tinha o mesmo aspecto que um croissant, mas neste caso mais espesso e naquele tempo ninguém sabia o que era um croissant. Este bolo era de pouco doce, e levava ovos, mel pouco e uma pitada de limão. A verdade é que fazíamos fila para compra-lo. Ainda hoje tenho a imagem destas senhoras vestidas de negro com xaile na cabeça sentadinhas nuns “Mochos” baixos ao lado uma da outra e a tirar os bolos de um cesto que tinham levado à cabeça. O local era na rua ao lado direito da porta de entrada da Igreja Matriz em Proença-a-Nova, onde havia uma tasca que vendia sandes de atum, em pão farto e com “Champorrion” ( isto era café de cafeteira com vinho e açúcar ) Naquele tempo nós que tínhamos dez ou treze anos bebíamos estes doces com álcool como se fosse uma limonada. Possivelmente foi por isso que a minha triste cabeça nunca foi por aí além.
A verdade é que foram bons tempos.
Sebastião Pires

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